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Economia e Mercado
Economia e Mercado

APRESENTAÇÃO

A disciplina Economia e Mercado tem como objetivo: • Identificar e compreender as formas de organização que prevaleceram no país. • Analisar os fatores responsáveis pela diversidade dos aspectos físicos e humanos do território brasileiro. • Identificar e compreender a dinâmica das relações inter e intrarregionais do território brasileiro. • Entender as interdependências e impactos das variáveis macroeconômicas nas organizações. O estudante será introduzido aos problemas e dificuldades de natureza econômica do âmbito mais geral ao mais particular, que serão superados com a apresentação dos conceitos da teoria econômica. Por essa razão, o livro-texto trata inicialmente das questões econômicas mais gerais e mais globais, partindo em seguida para o particular. Este material está dividido em quatro partes. Na primeira delas, o leitor toma contato com as questões básicas da economia, estudando seus conceitos, os problemas econômicos fundamentais e a importância do sistema econômico. Na segunda parte, é estudado detalhadamente o conceito de demanda, oferta, equilíbrio de mercado, teoria da produção, teoria dos custos e as estruturas de mercado. Na terceira parte, temos a introdução à macroeconomia. Nela, o leitor irá estudar temas como: estrutura básica da macroeconomia; o papel do Estado na atividade econômica; a definição, a função, os tipos e a oferta de moeda; a política monetária e a taxa de juros. Finalmente, na quarta parte, será estudado o desenvolvimento econômico e uma breve história da economia brasileira será exposta.
INTRODUÇÃO

Esta disciplina proporcionará uma visão abrangente sobre economia, trabalhando noções, conceitos e categorias de análise que possibilitem a reflexão a respeito de relações, processos e estruturas que se desenvolvem na economia. Você participará de um estudo analítico e interpretativo da economia, privilegiando aspectos econômicos, políticos e culturais. Enfim, partindo do processo histórico de formação e desenvolvimento do sistema econômico, a disciplina pretende refletir a respeito das transformações econômicas que ocorrem atualmente no mundo.

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ECONOMIA E MERCADO

Unidade I
1 QUESTÕES BÁSICAS DA ECONOMIA 1.1 Conceito de economia

Todos nós temos uma série de necessidades. Precisamos comer, precisamos nos vestir, precisamos estudar, precisamos nos locomover etc. Essas necessidades são crescentes e ilimitadas; no entanto, não dispomos de recursos suficientes para conseguir todos os bens e serviços desejados para satisfazê-las. Da mesma forma como os indivíduos, a sociedade possui necessidades que precisam ser satisfeitas coletivamente, como estradas, defesa, justiça, escolas, hospitais entre outras. Os fatores produtivos disponíveis para a produção não são suficientes para atender a todas as necessidades dessa sociedade. Logo, as necessidades humanas são ilimitadas e os recursos produtivos, escassos. É preciso, portanto, definir como empregar esses fatores produtivos escassos na produção de bens e serviços, de forma que eles possam contribuir da melhor maneira para a satisfação das necessidades não apenas dos indivíduos, mas também da sociedade.
Lembrete Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, os quais poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados.
Uma das preocupações da economia é estudar a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade.1

Portanto, é preciso compreender como os indivíduos devem empregar sua renda para ter o maior aproveitamento possível e como a sociedade deve alcançar o maior nível de bem-estar material a partir dos recursos disponíveis.

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Disponível em: <http://pauloadministrador.blogspot.com/>.

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Unidade I
Em resumo, temos: • Economia: é um conjunto de conhecimentos especializados, organizados e em evolução. • Campo de ação: limita-se ao estudo de como uma determinada sociedade soluciona ou dá respostas a seus problemas econômicos, cuja dimensão depende da desigualdade entre os fins alternativos a que se propõe e a escassez de recursos que em parte é criada pela própria sociedade. • Preocupação: para obter a satisfação máxima das necessidades, que são ilimitadas, torna-se necessário que a economia se preocupe com os processos pelos quais os recursos escassos são alocados entre fins alternativos. • Satisfação das necessidades individuais e coletivas: é feita com o consumo de bens e serviços.
1.2 Os problemas econômicos fundamentais

Em nosso dia a dia, deparamo-nos, a todo o momento, com diversos entraves econômicos com os quais temos de lidar, seja por intermédio de jornais, rádio, televisão, seja até mesmo nas questões mais rotineiras, como: a) Por que o nordestino possui uma renda inferior à do paulista? b) Até que ponto os juros altos reduzem o consumo e estimulam os preços? c) Por que está tão difícil conseguir um emprego nos dias atuais? d) Por que o aumento no salário-mínimo provoca uma deterioração nas contas do governo? e) Por que a carga tributária brasileira está tão elevada? f) Como são definidos os preços dos produtos? g) Como são definidos os aumentos de salários? h) Como são definidas as taxas de juros do Banco Central? Todas essas questões trazem implícitos diversos conceitos importantes para a ciência econômica: escolha, escassez, necessidades, recursos, produção e distribuição. Mas para responder a elas é preciso entender os problemas econômicos fundamentais. Primeiro, deve-se decidir o que produzir e em que quantidade, dado que, conforme mencionado no tópico anterior, os recursos de produção são escassos e as necessidades humanas, ilimitadas. Essas escolhas dependem de vários fatores, como a perspectiva de lucro (do ponto de vista dos empresários) ou opções de política econômica e as necessidades da sociedade (do ponto de vista dela própria). 12

ECONOMIA E MERCADO
Depois é preciso definir como produzir.
Nesse ponto, a sociedade terá de escolher, dado o conhecimento tecnológico existente, quais recursos produtivos serão utilizados para a produção de bens e serviços.2

Logo, a decisão de como produzir implica a escolha das técnicas, e dentre os métodos mais eficientes, em geral, escolhe-se aquele mais barato, ou seja, com o menor custo possível. Posteriormente, é preciso decidir para quem produzir, ou seja, é preciso definir tanto para quem se destinará a produção e também como os indivíduos participarão da distribuição dos resultados de sua produção. Essa distribuição depende fundamentalmente de como foi instituída e dividida a propriedade privada numa determinada sociedade e de como essa propriedade se transmite por herança.
A distribuição da renda dependerá também do mecanismo de preços, que atua por meio do equilíbrio entre oferta e demanda para a determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios de capital.3

Lembrete A economia é a ciência que estuda o homem enquanto ser social inserido em um ambiente de escassez; por esse motivo, pode ser considerada como uma ciência social aplicada. Poderíamos nos perguntar quais as questões econômicas fundamentais de um indivíduo que recebe uma renda, mas não é empresário. Nesse caso, ele deve decidir como vai gastar sua renda entre os diferentes bens e serviços ofertados para satisfazer suas necessidades, ou se escolherá poupar parte dela ao invés de consumir todo o montante recebido. Na hora de suas decisões de consumo, o indivíduo levará em conta não apenas suas necessidades, mas os preços dos bens e suas preferências, inclusive entre consumo presente ou consumo futuro (representado pela poupança).
Lembrete O problema econômico fundamenta-se na ideia da escassez; logo, é necessário ser definido: o que produzir, como produzir e para quem produzir.

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Disponível em: <http://antigo.qi.com.br/professor/downloads/download8662.doc>. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/13145388/Apostila-de-Economia>.

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Unidade I
É preciso ter claro que essas questões (o que, quanto, como e para quem produzir, e até mesmo o que consumir) não seriam problemas se os recursos produtivos disponíveis fossem ilimitados.4

Assim, a economia e seus entraves fundamentais originam-se da carência de recursos produtivos. As quatro perguntas fundamentais em economia 1. O que produzir? Indica que é necessário identificar a natureza das necessidades humanas, para saber quais bens e serviços produzir. 2. Quanto produzir? Reconhece a limitação existente na disponibilidade dos fatores produtivos. 3. Como produzir? É uma questão técnica, a qual indica que há várias maneiras de combinar os fatores de produção para a obtenção de bens e serviços. 4. Para quem produzir? Envolve a questão da distribuição dos bens e dos serviços produzidos entre os elementos da sociedade.
1.3 A lei da escassez de recursos

Na economia tudo está pautado na busca por produzir o máximo de bens e serviços com os recursos limitados disponíveis, pois, como já destacado, não é possível a produção de uma quantidade infinita de cada bem, capaz de satisfazer completamente aos desejos humanos. Uma vez que os nossos desejos materiais são virtualmente ilimitados e insaciáveis, e os recursos produtivos, escassos, não podemos ter tudo o que desejamos e, portanto, é imperativo que o homem faça escolhas. Logo, um dos objetos de estudo da ciência econômica é a escassez, porque esta consiste no problema econômico por excelência. Consequentemente, a escassez de recursos de produção resulta na escassez dos bens. Afirmar que os bens são econômicos implica que eles são relativamente raros ou limitados. Mas o fato de existir um bem em pouca quantidade não o define como escasso. É preciso, então, que esse bem seja desejado, procurado. A escassez só existe se houver procura (ou demanda) para a obtenção do bem.
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Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7160071/Manual-de-Economia-Profess-Ores-Da-Usp>.

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Ora, mas por que um determinado bem é procurado (ou demandado)?
Um bem é demandado porque tem a capacidade de satisfazer uma necessidade humana, ou seja, tem utilidade.5 Assim, os bens econômicos são aqueles escassos em quantidade, dada sua procura, e apropriáveis. Os bens econômicos têm como característica a utilidade, a escassez e a possibilidade de transferência. Os bens livres, por outro lado, são aqueles disponíveis em quantidade suficiente para satisfazer todo o mundo; portanto, ilimitados em quantidade ou muito abundantes e nada apropriáveis. Mas o que seriam, então, as necessidades humanas? Este poderia ser um conceito relativo, vago e filosófico, já que os desejos dos indivíduos não são fixos. Mas para a economia, as necessidades humanas relevantes são aqueles desejos que envolvem a escolha de um bem econômico capaz de contribuir para a sobrevivência ou para a realização social do indivíduo. As necessidades podem ser classificadas em: • Básicas ou primárias: indispensáveis para nossa sobrevivência ou sem as quais nossa vida será insuportável. Exemplo: alimentação, saúde, habitação, vestuário entre outros. • Secundárias: desejadas pelo convívio social. Exemplo: educação, transporte, lazer e turismo.6

1.3.1 Tipos de bens econômicos
Como já vimos, os bens econômicos são aqueles que possuem uma raridade relativa, ou seja, possuem um preço. Esses bens econômicos, quando se destinam à satisfação direta de necessidades humanas, são chamados bens de consumo ou bens finais. São todos aqueles bens que já estão aptos a serem consumidos sem a necessidade de qualquer outra transformação.
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Disponível em: <http://www.jorgerodriguessimao.com/economia/principios-gerais-de-economia.html?showall=1>. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/28679535/Economia-e-Mercado>.

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Unidade I
Os bens de consumo podem ser divididos em bens de consumo duráveis, que podem ser utilizados por um período mais prolongado – automóvel, geladeira – e os bens de consumo não duráveis, que devem ser consumidos imediatamente ou são utilizados apenas uma vez ou poucas vezes, como alimentos e roupas. Os bens destinados à fabricação de outros e absorvidos pelo processo de produção são chamados de bens intermediários. Esses bens sofrem novas transformações antes de se converterem em bens de consumo ou de capital e possuem um ciclo curto no processo produtivo, sendo totalmente consumidos neste.7

São exemplos de bens intermediários: matérias-primas, material de escritório, insumos, barras de ferro, peças de reposição entre outros. Os bens de capital também são utilizados na geração de outros bens, mas não se desgastam totalmente no processo produtivo, ou seja, não são absorvidos no processo de produção.
Uma característica importante desses bens é que eles contribuem para a melhoria da produtividade da mão de obra. São exemplos de bens de capital: máquinas, equipamentos e instalações. Os bens de capital, como não são consumidos no processo de produção, também são bens finais.8 1.4 Os recursos ou fatores de produção Para que se obtenha a satisfação das necessidades humanas, é necessário produzir bens e serviços. E a produção exigiria o emprego de recursos produtivos e bens elaborados.9

Os recursos de produção ou fatores de produção da economia são aqueles utilizados no processo produtivo para obter outros bens e serviços, com o objetivo de satisfazer as necessidades dos consumidores.

Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/28679535/Economia-e-Mercado>. Idem. 9 Disponível em: <http://pauloadministrador.blogspot.com/>.
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ECONOMIA E MERCADO

Fator de produção Terra ou recursos naturais Recursos humanos ou trabalho Capacidade empresarial

Definição Água, minerais, madeiras, solo para fábricas. Faculdades físicas e intelectuais. Constitui-se daqueles indivíduos que reúnem os capitais para adquirir recursos produtivos e produzir bens e serviços para o mercado. Engloba os bens e serviços necessários para a produção de outros bens e serviços, como máquinas, equipamentos, instalações, dinheiro, ferramentas, capital financeiro. Todos os recursos tecnológicos disponíveis para a empresa. Quadro 1

Capital

Tecnologia

É importante ressaltar que a cada fator de produção corresponde uma remuneração. O aluguel constitui a remuneração da terra; ao trabalho corresponde o pagamento de salários; à capacidade empresarial corresponde o lucro; o juro paga o uso do capital; e a tecnologia é paga com royalties.
Lembrete Os cinco fatores de produção são: terra, trabalho, capacidade empresarial, capital e tecnologia.
Fator de produção Terra Trabalho Capacidade empresarial Capital Tecnologia Aluguel Salário Lucro Juro Tipo de remuneração

Royalties
Quadro 2

A produção, portanto, é o processo de transformar matérias-primas em produtos acabados, utilizando, para tanto, os bens de capital, os bens intermediários e a mão de obra. A produção econômica é obtida com a combinação de recursos naturais, equipamentos e trabalho. Tais elementos, pelo fato de serem necessários às produções, recebem o nome de fatores de produção e agrupam-se, tradicionalmente, em três itens:

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1. Trabalho: é a contribuição do ser humano, na produção, em forma de atividade física ou mental. 2. Capital: é o conjunto de equipamentos, ferramentas e máquinas produzidos pelo homem, que não se destinam à satisfação das necessidades por meio do consumo, mas concorrem para a produção de bens e de serviços, aumentando a eficiência do trabalho. 3. Recursos naturais: são os elementos da natureza utilizados pelo homem com a finalidade de criar bens. Ex.: a terra (agricultura), a água (fornecer energia), os minerais, os animais etc. A riqueza de um país, num determinado momento, é formada por fatores de produção disponíveis, pelos bens que estão sendo produzidos e pelos que já o foram, mas que ainda não desapareceram.

Saiba mais A seguir, uma indicação de leitura que pode propiciar uma inter-relação com os conteúdos da unidade: VASCONCELLOS, M. A.; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
1.5 Custo de oportunidade e curva de possibilidades de produção

1.5.1 Custo de oportunidade Conforme o analisado, os recursos produtivos são escassos e as necessidades humanas, ilimitadas, e por existir a escassez, os agentes econômicos devem decidir onde e como aplicar os recursos disponíveis. Fazemos isso todo o tempo em nosso dia a dia, no supermercado, em nossas decisões de compras, porque só é possível satisfazer uma necessidade desistindo da satisfação de outra. Não há capital nem trabalho, nem terra, nem tecnologia suficientes para produzir tudo aquilo que se deseja. A remuneração desses fatores também é restrita, limitando as possibilidades de consumo. A escassez força os indivíduos, as famílias, as empresas e até os governos a fazerem escolhas. Os indivíduos, por exemplo, devem decidir como gastar sua renda e que necessidades devem priorizar. As empresas devem decidir se ampliam o capital produtivo ou investem no mercado financeiro. Os governos devem decidir se pagam uma parcela de suas dívidas ou fazem investimentos em educação e saúde. Mas uma vez que um desses agentes econômicos decida, estará necessariamente deixando outras possibilidades. Assim, em um mundo de recursos limitados, a oportunidade de produzir um bem implica deixar de produzir outro.

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Como toda escolha, a de satisfação de certas necessidades em detrimento de outras envolve ganhos e perdas.
Por isso, quando decidem gastar ou produzir, empresas, governos ou famílias estarão renunciando a outras possibilidades. A opção de abandonar para poder produzir ou obter outra se associa ao conceito de custo de oportunidade. O custo de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou serviços a que se deve renunciar para obtê-lo.10 Assim, o custo de oportunidade é o sacrifício do que se deixou de produzir, o custo ou a perda do que não foi escolhido, e não o ganho do que foi escolhido.11 O custo de oportunidade também é chamado custo alternativo, por representar o custo da produção alternativa sacrificada.12

1.5.2 Curva de possibilidades de produção Dada a escassez de recursos da economia, os agentes econômicos são obrigados a fazer escolhas. Quando um bem é escasso, os indivíduos são forçados a escolher como o usar. Em consequência, existe uma troca: satisfazer uma necessidade implica a não satisfação de outra. A curva de possibilidades de produção mostra as trocas que os indivíduos, as empresas ou os governos são obrigados a fazer devido à escassez de recursos. Suponhamos uma determinada sociedade, em que exista certo número de indivíduos, uma tecnologia dada, uma quantidade definida de empresas, instrumentos de produção e recursos naturais. Como os fatores produtivos são limitados, a produção total dessa sociedade tem um limite máximo a que chamaremos de produto de pleno emprego. Nesse nível de produção, todos os recursos disponíveis estão empregados, todos os trabalhadores estão trabalhando, todos os instrumentos de produção estão sendo utilizados, todas as fábricas estão em completo funcionamento e os recursos naturais são plenamente aproveitados. Vamos supor, ainda, que essa economia produza apenas alimentos e roupas.
Haverá sempre uma quantidade máxima de alimentos produzidos mensalmente quando todos os recursos forem destinados à sua produção, sem que nenhum se destine à produção de roupas. Haverá também uma
Disponível em: <http://pauloadministrador.blogspot.com/>. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7160071/Manual-de-Economia-Profess-Ores-Da-Usp>. 12 Disponível em: <http://www.jorgerodriguessimao.com/economia/principios-gerais-de-economia.html?showall=1>.
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quantidade máxima de roupas produzidas mensalmente quando todos os recursos forem destinados à sua produção, sem que nenhum se destine à produção de alimentos.13

Entre as quantidades máximas de roupas e alimentos que podem ser produzidas, existe uma série infinita de possibilidades de combinações de quantidades de roupas e alimentos que podem ser produzidos naquela sociedade, com aquele nível de tecnologia e com aqueles recursos disponíveis sendo plenamente utilizados. Suponhamos que as alternativas de produção de roupas e alimentos sejam as colocadas na tabela a seguir:
Alternativas de produção 1 2 3 4 5 6 Alimentos (toneladas) 10 20 30 40 50 60 Quadro 3 Alimentos (toneladas) 60 50 40 30 20 10 0 60 100 130 6 5 4 3 2 1 150 160 180 Roupas (milhares) Roupas (milhares) 160 150 130 100 60 0

Figura 1 – Curva de possibilidades de produção

A essa curva, que ilustra possibilidades de combinações intermediárias entre roupas e alimentos, chamamos de curva de possibilidades de produção ou curva de transformação. Ela indica todas as possibilidades de produção de alimentos e roupas nessa construção econômica hipotética. A curva de possibilidades de produção é um conceito teórico para ilustrar a capacidade produtiva de uma sociedade.
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Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7160071/Manual-de-Economia-Profess-Ores-Da-Usp>.

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Por meio dessa curva, podemos perceber claramente que numa economia em pleno emprego, ao produzir um bem, estaremos sempre desistindo de produzir certa quantidade de outro bem.14

Em resumo, para conseguirmos uma quantidade constante adicional de um bem (alimentos), precisaremos renunciar a quantidades crescentes de outro (roupas). Uma vez que cada uma das combinações sobre a curva de possibilidades de produção é tecnicamente eficiente, a sociedade escolherá uma delas em função dos preços dos produtos e das quantidades desejadas de cada um deles. Para as empresas também é possível construir uma curva de possibilidades de produção semelhante ao exemplo que elaboramos anteriormente. Mas, no lugar dos bens produzidos pela sociedade, construiremos uma curva contrapondo os produtos a serem produzidos por elas. Enfatizando, uma empresa precisa sempre decidir quais produtos produzir e em que quantidade. Será a interação entre preços e quantidades de mercado que darão essa resposta, supondo-se que os empresários são agentes racionais e procuram sempre economizar os fatores escassos, cujo objetivo é maximizar lucros. Observemos:
Crescimento econômico Alimentos (toneladas)

Roupas (milhares) Figura 2 – Crescimento econômico

De acordo com o gráfico anterior, se houver uma expansão dos fatores de produção, ou se houver um melhor aproveitamento dos recursos produtivos já utilizados, ou, ainda, se a tecnologia utilizada sofrer algum avanço, haverá crescimento econômico na sociedade e a curva de possibilidades de produção se deslocará para cima e para a direita. Logo, a economia poderá dispor de maiores quantidades tanto de alimentos quanto de roupas.
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Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7160071/Manual-de-Economia-Profess-Ores-Da-Usp>.

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Lembrete Os agentes econômicos são famílias, empresas, governo e resto do mundo. A expansão dos fatores produtivos ou a melhora no seu aproveitamento, bem como os avanços tecnológicos dependem significativamente de um aumento nos investimentos. Assim, os agentes econômicos – famílias, empresas e governo – precisam reduzir seu consumo atual e direcionar parte de seus recursos para a poupança, para que ela esteja disponível para investimento. Outro elemento importante para o crescimento econômico, tanto quanto o investimento, é a divisão do trabalho. Um aumento da divisão do trabalho permite que os trabalhadores se tornem mais produtivos, com um aumento da especialização do trabalho, elevando também os volumes negociados no comércio.
2 O SISTEMA ECONÔMICO 2.1 O que vem a ser um sistema econômico?

Sabe-se que a economia de cada país funciona de maneira distinta; no entanto, em linhas gerais, a maior parte dos países no mundo possui o mesmo sistema econômico. Mas, afinal, o que é um sistema econômico? Ora, se entre as questões da economia estão as decisões de o que, quanto, como e para quem produzir de forma eficiente, num contexto de necessidades ilimitadas, mas com recursos produtivos e tecnologia limitada, é necessário que uma sociedade se organize para tal. As atividades comuns a qualquer sistema econômico são a produção, o consumo e as trocas. O sistema econômico é a maneira como a sociedade organiza sua produção, distribuição e consumo de bens e serviços, para que seja alcançado, nessa sociedade, o maior nível de bem-estar possível. Essa organização envolve tanto a dimensão econômica, como também a dimensão social e política de uma sociedade. No entanto, é preciso ter em mente que as comunidades não simplesmente “escolhem” um sistema econômico, mas ele é fruto de um processo histórico de lutas, guerras, disputas de interesses, que acabam definindo a forma de a sociedade se organizar social, política e economicamente.
Um sistema econômico, então, é o conjunto de relações técnicas, básicas e institucionais, que caracterizam a organização social, econômica e política da sociedade.15

Essas relações condicionam as decisões fundamentais da sociedade e quais as atividades que serão as mais importantes dentro da comunidade.
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Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/13145388/Apostila-de-Economia>.

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Tradicionalmente, classificam-se os sistemas econômicos em: • Economia de mercado ou capitalista: a base desse sistema econômico é a propriedade privada dos bens de produção e do capital, em que predomina a livre-iniciativa. Numa economia de mercado, as decisões de o que, como e para quem produzir são definidas pela concorrência, e o sistema de preços, regulado pelo mecanismo de oferta e demanda, tem pouca interferência do Estado. Nessa economia: – O que produzir é definido pela demanda dos consumidores no mercado. – Quanto produzir é determinado pela interação entre consumidores e produtores no mercado, com o devido ajustamento dos preços. – Como produzir é determinado pela concorrência entre os produtores. – Para quem produzir é determinado pela oferta e demanda no mercado de fatores de produção e a produção se destina a quem tem renda para pagar. • Economia socialista ou planificada: nessa economia, as decisões sobre o que, quanto, como e para quem produzir são determinadas por órgãos de planejamento do governo, e não pelo sistema de preços e pela concorrência intercapitalista.
Os meios de produção – máquinas, equipamentos, matérias-primas, instrumentos, terras, minas, bancos, entre outros – são considerados propriedade de todo o povo (propriedade coletiva ou social). Os meios de sobrevivência, como roupas, automóveis, eletrodomésticos, móveis, entre outros, pertencem aos indivíduos. As residências pertencem ao Estado.16

• Economia mista: surge a partir da década de 30 do século XX, quando ainda prevalecem a livre- iniciativa, a propriedade privada e as forças de mercado, mas há grande participação do Estado não apenas na produção de bens e serviços, mas também na alocação e na distribuição de recursos. O Estado também atua nas áreas de infraestrutura, energia, saneamento e telecomunicações.
Lembrete Existem, basicamente, três sistemas econômicos no mundo: economia de mercado, economia socialista e economia mista. No Brasil, o sistema utilizado é o de mercado.
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Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7160071/Manual-de-Economia-Profess-Ores-Da-Usp>.

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Unidade I
Vamos definir o que é “mercado”? Como já vimos, numa economia de mercado, os preços dos produtos a serem vendidos são, em geral, estabelecidos pela livre concorrência entre os produtores e os consumidores e pelo mecanismo de preços, quando há compra e venda tanto de bens e serviços, como de fatores de produção. O mercado é toda instituição social na qual bens, serviços e fatores de produção são trocados livremente, troca esta mediada pela moeda. Na economia de mercado, os consumidores tentarão maximizar seu bem-estar e os produtores tentarão maximizar seu lucro. Como funciona então o mecanismo de preços? Quando os consumidores vão ao mercado em busca de maiores quantidades de certa mercadoria, o preço desta sobe, indicando ao produtor que há falta desse produto. O produtor, por sua vez, eleva a produção dessa mercadoria, com o objetivo de obter maiores lucros ao vendê-la a um preço mais alto. Com o aumento contínuo dos preços, os consumidores passam então a demandar uma quantidade menor dessa mercadoria, e, ao reduzir o consumo, elevam-se os estoques dos produtores, os quais são obrigados a reduzir o preço do produto. A queda na demanda e nos preços sinaliza ao produtor a necessidade de reduzir a produção da mercadoria.
2.2 Os fluxos reais e monetários da economia

O funcionamento de uma economia de mercado depende do entendimento de quem são os principais agentes econômicos que interferem no sistema econômico e que papel cada um deles exerce dentro da organização desse sistema. Como já apresentado, os principais agentes econômicos são as famílias, as empresas e o governo – e mais tarde o resto do mundo. São esses agentes os responsáveis por toda a atividade econômica de uma determinada sociedade.
As famílias são proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às unidades de produção. As empresas, por sua vez, por meio da combinação desses fatores, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias por meio do mercado de bens e serviços.17

O governo cuida da segurança, da educação, da saúde, da defesa dos cidadãos e de seus direitos. Além disso, ele também assegura o pleno funcionamento da economia pela coordenação e regulação dos mercados (bens e serviços e mercado de fatores de produção). Ao longo do século XX, o governo assumiu outras funções, atuando como empresário, ou seja, fornecedor de bens públicos. Numa economia de mercado, esses diferentes agentes econômicos podem ser agrupados em três grandes setores: o setor primário, que engloba a agricultura, a pesca, a pecuária e a mineração; o setor secundário, em que há combinação de fatores de produção para a transformação de bens e inclui as
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Disponível em: <http://www.docstoc.com/docs/22427183/Curva-de-Oferta>.

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atividades industriais; e o setor terciário, ou setor de serviços, que inclui serviços, comércio, transporte, bancos, educação, entre outros.
Para entender melhor o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma economia de mercado sem interferência do governo, sem transações comerciais nem financeiras com o exterior e sem um setor financeiro desenvolvido.18

As atividades econômicas estarão centradas nas ações de dois grandes agentes: as empresas, que reúnem os fatores produtivos para a produção de bens e serviços, e as famílias, constituídas pelos indivíduos, as quais são proprietárias dos recursos de produção (terra, trabalho, capital e capacidade empresarial). Logo, as unidades familiares fornecem recursos produtivos para as empresas; e estas fornecem bens e serviços finais para aquelas. A interação entre as famílias e as empresas é feita pelo mercado de bens e serviços e o mercado de fatores de produção. Dessa interação, resultam dois fluxos: • Fluxo real da economia ou circulação real: quando houver deslocamento físico do bem; pode ser definido pelo fornecimento de recursos de produção, uso desses recursos e por sua combinação na produção de bens e serviços intermediários e finais. Há emprego efetivo de fatores produtivos e dos produtos gerados. Há troca material de recursos produtivos e de bens e serviços. Engloba o mercado de recursos de produção e o mercado de bens e serviços.
O fluxo real da economia, no entanto, só se tornará possível com a presença da moeda, utilizada para pagar os bens e serviços e os fatores de produção. Paralelamente ao fluxo real, temos o fluxo monetário da economia.19
Mercado de bens e serviços Oferta Empresas

Demanda Famílias

Oferta

Mercado de fatores de produção Figura 3 – Fluxo real da economia

Demanda

• Fluxo monetário da economia: quando há apenas transferência de propriedade, representada pelos pagamentos monetários efetuados pelos produtos (bens e serviços) e pelos fatores de produção. Também vai englobar o mercado de recursos ou fatores de produção e o mercado de bens e serviços.
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Disponível em: < http://download.wlsv.com.br/FG/Introducao_a_Economia_2.pdf>. Disponível em: <http://antigo.qi.com.br/professor/downloads/download8662.doc>.

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Unidade I
Pagamento de bens e serviços Famílias Remuneração dos fatores de produção Figura 4 – Fluxo monetário da economia Empresas

Tanto o fluxo real quanto o fluxo monetário vão envolver as famílias e as empresas, bem como os mercados de recursos e de bens e serviços. No mercado dos recursos de produção, serão transacionados recursos necessários às atividades de produção, como mão de obra, matérias-primas, tecnologia, formação de capital, capacidade administrativa, entre outros. Nesse mercado, quem oferta recursos são as famílias e a demanda é representada pelas empresas. Além disso, as unidades produtoras (ou seja, as empresas) pagam às famílias uma remuneração pelos fatores de produção de sua propriedade, na forma de salários, aluguéis, juros e lucros. As famílias (ou os indivíduos que as compõem) vão até o mercado de fatores de produção e oferecem seus “produtos” ou “serviços”, em busca de uma renda (oferta de fatores). As empresas, por sua vez, precisam desses fatores produtivos para combiná-los na produção de seus produtos e vão ao mercado de fatores com o objetivo de comprá-los (demanda de fatores). Os preços dos fatores (salários – trabalho, aluguéis – terra, juros – capital, lucros – capacidade empresarial) serão determinados pela interação entre a oferta e a demanda. A soma dos salários, aluguéis, juros e lucros formam a renda da economia. Ao receberem essa renda, as famílias têm como comprar produtos ofertados pelas empresas no mercado de bens e serviços.
Assim, as empresas combinam os fatores de produção adquiridos no mercado de fatores e produzem bens e serviços.20

Essas empresas vão ao mercado de bens e serviços oferecê-los para as famílias, as quais estão de posse de suas respectivas rendas. Os preços de cada bem ou serviço serão determinados pela interação entre a oferta e a demanda de cada um deles. A nossa hipótese inicial foi a de que não haveria um setor financeiro, portanto, os consumidores gastam toda sua renda nesse mercado e as empresas acabam absorvendo-a. Ao se dirigirem ao mercado de fatores, as empresas acabam distribuindo essa renda na forma de salários, aluguéis, juros e lucros.
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Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/13145388/Apostila-de-Economia>.

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ECONOMIA E MERCADO
No mercado de bens e serviços são transacionados bens e serviços necessários à satisfação humana, como alimentação, saúde, vestuário, habitação, calçados e transportes. Quem representa a oferta nesse mercado são as empresas, na condição de produtores, e quem representa a demanda são as famílias, na condição de consumidores. Aqui, as famílias ou os consumidores acabam transferindo os pagamentos recebidos das empresas pelo uso dos fatores de produção para essas mesmas empresas, como forma de pagamento monetário dos bens e serviços adquiridos.
O fluxo circular da renda é constituído pela união dos fluxos real e monetário, quando em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da demanda, determinando o preço.21
Fluxo circular de renda Mercado de bens e serviços Demanda de serviço Oferta de bens e serviço

O que e quanto produzir Famílias Como produzir

Empresas

Oferta de serviços dos fatores de produção

Para quem produzir

Mercado de fatores de produção Fluxo monetário Fluxo real (bens e serviços) Figura 5 – Fluxo circular da renda

Demanda de serviços dos fatores de produção

Como podemos observar, famílias e empresas exercem um duplo papel.
No mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços, enquanto as empresas os oferecem.22 No mercado de fatores de produção, as famílias é que oferecem os serviços dos fatores de produção, de sua propriedade, e as empresas vão demandar esses mesmos fatores.23
Disponível em: <http://www.docstoc.com/docs/22427183/Curva-de-Oferta>. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/13145388/Apostila-de-Economia>. 23 Disponível em: <http://www.docstoc.com/docs/22427183/Curva-de-Oferta>.
21 22

27

Unidade I
No equilíbrio, então, teremos o seguinte esquema: Fluxo real = fluxo monetário Fluxo real de fatores = renda Fluxo real de bens e serviços = fluxo monetário do mercado do produto É necessário observar que para a teoria econômica, tanto os consumidores, na figura das famílias, como os produtores, representados acima pelas empresas, são racionais nas suas decisões, isto é, os indivíduos, como consumidores, buscam obter o máximo de produtos gastando o mínimo possível. Já as empresas, ou os produtores, buscam obter o maior lucro e para isso querem diminuir custos e vender seus produtos o mais caro possível. Cada um dos agentes que interferem no processo econômico age buscando o próprio interesse, por meio de uma racionalidade meramente econômica. É importante ressaltar que esses fluxos sofrem algumas alterações com a introdução do setor público (governo) e das transações com o setor externo. Com a incorporação do setor público ao fluxo anterior, ocorre o impacto dos impostos e dos gastos públicos no fluxo da renda. Ao incluir o governo, este impõe sobre empresas e famílias impostos que diminuem tanto o poder de compra das unidades familiares, como o lucro das empresas. Por outro lado, ao conceder subsídios, que nada mais são do que uma ajuda do governo a determinados setores produtivos ou parcelas da sociedade, aumentam-se as possibilidades de investimentos das empresas.
O subsídio é uma forma de apoio monetário, concedida por uma instituição/ entidade/pessoa a outra individual ou coletiva, no sentido de fomentar o desenvolvimento de uma determinada atividade desta ou o desenvolvimento da própria.24

O subsídio governamental é o auxílio concedido pelo governo de um país a determinados setores ou empresas (públicas ou privadas), tecnicamente definido por: benefícios pagos, em contrapartida a produtos ou serviços; transferência de recursos de uma esfera do governo em favor de outra; despesas governamentais para cobrir prejuízos de empresas; benefícios a consumidores, sob a forma de preços inferiores aos níveis normais do mercado; benefícios a produtores e vendedores mediante preços mais elevados etc. Não obstante, se introduzir ao esquema anterior o comércio internacional, há um aumento na demanda por produtos no mercado de bens e serviços, na medida em que parte dos bens e serviços disponibilizados pelas empresas serão exportados.
24

Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Subs%C3%ADdio>.

28

ECONOMIA E MERCADO
Há também um aumento na oferta, nesse mesmo mercado, pelas importações, o que acaba por elevar a concorrência, podendo ocasionar uma queda nos preços desses produtos e uma melhoria na qualidade.
2.3 Divisão do estudo econômico

Quando pensamos ou discutimos a economia, podemos definir se queremos ter uma visão mais ampla ou mais restrita dos fenômenos econômicos. Para analisar o sistema econômico, podemos nos concentrar no estudo das unidades familiares e produtivas, ou podemos trabalhar com os grandes agregados. Nesse sentido, sobretudo por razões didáticas, costuma-se dividir a economia em três ramos de estudo fundamentais: microeconomia, macroeconomia e desenvolvimento econômico.
Lembrete Os três grandes ramos de estudo da economia são: macroeconomia, microeconomia e desenvolvimento econômico. A microeconomia estuda a formação de preços em mercados específicos, ou seja, estuda como consumidores e empresas se relacionam no mercado, por meio da ação conjunta de oferta e demanda, e definem os preços para que as necessidades tanto dos consumidores quanto dos produtores sejam satisfeitas ao mesmo tempo.
Logo, a microeconomia ocupa-se da análise do comportamento das unidades econômicas, como as famílias, os consumidores ou as empresas.25

Para a microeconomia, as diferentes unidades econômicas atuam como se fossem unidades individuais; estudam a racionalidade dos indivíduos (consumidores e empresas) diante da escassez de recursos, bens e serviços. A macroeconomia estuda o funcionamento da economia em seu conjunto, ocupando-se da determinação e do comportamento dos grandes agregados nacionais, como o produto interno bruto (PIB), que mede o total do que é produzido no país, o investimento agregado, a poupança agregada, o emprego, o consumo agregado, o nível geral de preços, os juros da economia e os índices econômicos. O objetivo da macroeconomia é oferecer uma visão (embora simplificada) da economia, que forneça condições para o conhecimento e a atuação sobre o nível de atividade econômica de um país, pelas políticas governamentais. A análise macroeconômica trabalha com o equilíbrio estável entre a renda e a despesa nacionais e com as políticas econômicas de intervenção que procuram estabelecer esse equilíbrio, além de se preocupar com o estudo da economia internacional.
25

Disponível em: <http://pauloadministrador.blogspot.com/>.

29

Unidade I
Os estudos do desenvolvimento econômico se concentram no entendimento dos processos econômicos e buscam melhorar as condições de vida da sociedade, ao longo do tempo, pela acumulação de recursos escassos e a geração de tecnologia capazes de aumentar a produção de bens e serviços dessa sociedade.26

Para isso, o desenvolvimento econômico discute medidas que devem ser adotadas pelos países a longo prazo, para que uma sociedade obtenha um crescimento econômico equilibrado, autossustentado e com uma distribuição de renda mais equitativa.
O desenvolvimento econômico busca, portanto, entender como se processa a acumulação de recursos escassos e a geração de tecnologia, o que resultaria no aumento da produção de bens e serviços para a sociedade.27

Saiba mais Alguns livros que podem propiciar uma inter-relação com os conteúdos tratados: RASMUSSEN, U.W. Economia para não economistas. 1. ed., São Paulo: Editora Saraiva, 2006. LOTT JR., J. R. Freedomnomics – Por que o livre-comércio funciona e pode resgatar a economia mundial. 1. ed., São Paulo: Editora Saraiva, 2009.

Resumo Como objetivos específicos nesta aula, espera-se que você adquira conhecimentos sobre a importância do conceito de economia, os principais problemas econômicos a qual a economia tem que dar soluções, como a lei da escassez de recursos, analisar o custo de oportunidade e a curva de possibilidade de produção, organizar o sistema econômico e realizar a divisão do estudo econômico.
26 27

Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7160071/Manual-de-Economia-Profess-Ores-Da-Usp>. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7160071/Manual-de-Economia-Profess-Ores-Da-Usp>.

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ECONOMIA E MERCADO

 

parte 2

Unidade II
3 DEMANDA, OFERTA, EQUILÍBRIO DE MERCADO, TEORIA DA PRODUÇÃO E TEORIA DOS CUSTOS Como vimos no módulo I, a microeconomia ou teoria dos preços analisa como consumidores e empresas interagem no mercado, e como essa interação determina o preço e a quantidade de um bem específico. 28

A microeconomia preocupa-se, então, com a formação dos preços de bens e serviços e de fatores de produção em mercados específicos, por meio do estudo do funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço no mercado – da interação entre consumidores e produtores obtém-se preços e quantidades produzidas num dado mercado.
Lembrete Microeconomia é o ramo da economia que estuda o comportamento de cada “molécula econômica” do sistema, por meio de preços e quantidades relativas. Para exemplificar, pode-se citar a análise do funcionamento de empresas.

Saiba mais Para aprofundamento do assunto, solicita-se a leitura do livro indicado a seguir: WESSELS, W. Microeconomia: teoria e aplicações. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Para analisar o comportamento da demanda e da oferta, partiremos de alguns pressupostos básicos estabelecidos pela microeconomia.

28

Disponível em: <http://download.wlsv.com.br/FG/Introducao_a_Economia_2.pdf>.

35

Unidade II

Lembrete

Coeteris paribus (tudo o mais permanece constante): essa forma auxilia na análise microeconômica, pois poderemos manter uma variável congelada no tempo e no espaço enquanto trabalhamos as demais.
Primeiro, para analisar um mercado específico, a microeconomia parte da hipótese coeteris paribus (tudo o mais permanece constante). Ao adotar essa hipótese, pode-se estudar um mercado específico selecionando apenas as variáveis, cuja influência sobre consumidores e produtores desejamos analisar nesse mercado, independentemente da influência de outros fatores ou de outros mercados. Por exemplo: se queremos avaliar o efeito do preço sobre a demanda, supomos a renda constante (mesmo sabendo que a renda também afeta a demanda de um bem), e se queremos analisar o efeito da renda sobre a demanda, considera-se o preço constante (coeteris paribus). Outra hipótese importante é aquela que supõe que os indivíduos atuam como agentes econômicos e são guiados pelo princípio da racionalidade.
Segundo esse princípio, empresários estão sempre em busca de maximizar lucros condicionados pelos custos de produção, consumidores procuram maximizar sua utilidade, trabalhadores procuram maximizar seu lazer e assim por diante.29

Logo, os consumidores são aqueles que se dirigem ao mercado para obter um conjunto de bens e serviços com o objetivo de maximizar sua satisfação (utilidade). A firma corresponde à combinação organizada feita pelo empresário de fatores de produção (capital, trabalho, recursos naturais e tecnologia) para produzir o máximo possível ao menor custo. Busca-se a maximização da produção e a minimização de custos nas empresas. Uma empresa escolhe o que e quanto produzir em função dos preços e das preferências dos consumidores, já que o empresário produz um bem para vender no mercado. A teoria microeconômica procura, portanto, explicar como se determinam os preços dos bens e serviços e dos fatores de produção, procurando responder a questões como: por que quando o preço de uma mercadoria aumenta, a sua procura deverá cair, consideradas as demais variáveis constantes? O livre jogo da oferta e demanda é o elemento fundamental para o funcionamento da economia de mercado, pois é da interação entre consumidores e produtores que obtemos preços e quantidades de equilíbrio. Portanto, faz-se necessário analisar os mecanismos de demanda e oferta de bens e serviços individuais em um mercado competitivo, com um grande número de produtores e consumidores, para compreender como são então estabelecidos os preços dos produtos e as quantidades produzidas.
29

Disponível em: <http://download.wlsv.com.br/FG/Introducao_a_Economia_2.pdf>.

36

ECONOMIA E MERCADO
3.1 A demanda

As mercadorias são demandadas porque seu consumo proporciona algum prazer ou a satisfação de alguma necessidade dos consumidores, ou seja, um bem possui demanda porque possui utilidade – esta é a capacidade que possuem os bens econômicos de satisfazerem às necessidades humanas. Segundo a teoria do valor-utilidade, o valor de um bem é formado pela satisfação que proporciona ao consumidor, e não pelo custo do trabalho embutido nesse bem. Logo, o valor de um bem se forma por sua demanda.
Lembrete A lei geral da demanda diz: quando o preço de uma mercadoria aumenta, a quantidade consumida desta diminui, mas quando seu preço diminui, a sua quantidade aumenta.
A demanda é a quantidade de uma mercadoria ou serviço que os consumidores desejam adquirir em um determinado período de tempo.30

Isso vai depender significativamente do preço dessa mercadoria ou desse serviço.
Quanto menor o preço de um bem, maior será a quantidade demandada; quanto maior o preço, menor a quantidade que cada um estará disposto a comprar.31

Além do preço, existem, para cada indivíduo, diversas variáveis que condicionam suas escolhas enquanto consumidores, como sua renda, o preço dos outros bens relacionados, seus gostos e preferências. Para analisar a influência de cada uma dessas variáveis sobre a decisão dos consumidores, é preciso nos valer da hipótese coeteris paribus e avaliar o impacto de cada uma separadamente. A curva de demanda do mercado indica a relação entre as quantidades de um bem ou serviço que todos os consumidores estariam dispostos a adquirir a diferentes preços, mantendo constantes outros fatores, como gosto, renda e preço de bens relacionados. Há uma relação inversa entre a quantidade demandada e o preço do bem; o restante permanece constante. Essa é a lei geral da demanda. Vamos considerar um mercado de bananas, com muitos compradores e vendedores, cujo controle sobre o preço nenhum dos agentes econômicos possui. O quadro a seguir representa a relação existente entre os preços de venda das bananas e a quantidade em quilos demandada pelos consumidores por semana.
30 31

Disponível em: <http://download.wlsv.com.br/FG/Introducao_a_Economia_2.pdf>. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/13145388/Apostila-de-Economia>.

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Unidade II
2) Quantidade Q demanda (milhares de quilos de banana por semana) 50 100 200 400

1) Preço P (R$ por quilo) A B C D R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 6,00 R$ 4,00

Quadro 4 – Relação de oferta de bananas

Assim, se o preço da banana for R$ 10,00, serão demandados 50 kg na semana; se o preço for R$ 8,00, serão demandados 100 kg de bananas na semana.
O quadro anterior mostra que, quanto maior o preço de um bem, menor a quantidade desse bem que os consumidores estarão dispostos a adquirir. Por outro lado, quanto menor o preço, maior quantidade do bem será demandada.32

Outra forma de apresentar essas diversas alternativas é pela curva de demanda. Utilizamos, então, um gráfico com dois eixos, colocando no eixo vertical os vários preços P e no horizontal as quantidades demandadas Q.
Lembrete A equação algébrica da demanda pode ser definida da seguinte forma: Qx= f (px, ps, pc, Y, G)
Para cada preço, há certa quantidade de bananas que os indivíduos estão dispostos a comprar. A curva de demanda tem inclinação negativa, ou seja, é decrescente, uma vez que os indivíduos compram mais à medida que o preço se reduz.33

Curva de demanda
12,00 10,00 8,00 Preço P 6,00 4,00 2,00 0,00 0 100 200 300 400 500 Quantidade Q Figura 6 – Curva de demanda de bananas
32 33

Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/13145388/Apostila-de-Economia>. Disponível em: <http://www.fema.com.br/%7Econtabeis/catia/apostila_teoria_economica1.doc>.

38

ECONOMIA E MERCADO
A redução das quantidades demandadas de bananas decorrente do aumento dos preços pode ser explicada por duas razões. Ou os consumidores passam a substituir as bananas por outros bens, como maçãs ou mamões, cujos preços permanecerão constantes, ou os outros consumidores deixam de consumir as bananas porque o aumento dos preços ocasionou um encarecimento relativo dessa fruta em comparação a outros bens e uma redução do poder aquisitivo de sua renda, que permanece constante. A redução do poder aquisitivo de sua renda fará com que o consumidor reduza sua demanda de todos os bens, em particular a demanda de bananas. Em termo algébrico, a função demanda ou a equação da demanda é a expressão da relação entre a quantidade demandada e o preço de um bem, ou seja: a quantidade demandada Q é uma função do preço P, isto é, depende do preço: Qd = f(P) Em que: Qd = quantidade demandada de um bem ou serviço em determinado período de tempo. P = preço do bem ou serviço. Como já destacado, a demanda de um bem ou serviço não é condicionada apenas por seu preço. A renda dos consumidores, o preço de bens substitutos (bem similar que satisfaça à mesma necessidade), o preço dos bens complementares e as preferências dos consumidores também afetam significativamente a demanda dos consumidores. A relação da renda dos consumidores com a demanda de um produto vai determinar a classificação desse produto como bem normal, bem inferior ou bem de consumo saciado. Quando a demanda de um bem aumenta com o aumento da renda dos consumidores, esse bem é um bem normal. Se, por outro lado, o aumento da renda dos consumidores provocar a redução da demanda de um bem, tem-se um bem inferior (o consumo de carne de segunda é reduzido com o aumento da renda).
Existem ainda os bens de consumo saciados, cuja demanda não é influenciada pela renda dos consumidores (arroz, feijão, farinha, sal, entre outros).34

Se a demanda de um bem aumenta em consequência do aumento dos preços de outro bem, afirma-se que este é um bem substituto ou concorrente, pois há uma relação direta entre o preço de um bem e a quantidade de outro (carne e frango, por exemplo).
Quando, por outro lado, a demanda de um bem se reduz pelo aumento do preço de outro bem, denotando a existência de uma relação inversa entre o preço de um e a quantidade demandada do outro, eles são chamados bens complementares (carros e gasolina, por exemplo).35
34 35

Disponível em: <http://administracaonoblog.blogspot.com/feeds/posts/default?orderby=updated>. Idem.

39

Unidade II
Bens complementares são, portanto, bens consumidos conjuntamente. Para influenciar os hábitos e preferências dos consumidores, as empresas investem pesado em publicidade e propaganda, tentando interferir nessas preferências com o objetivo de elevar a procura de certos bens ou serviços.
Lembrete A demanda por determinado bem será influenciada por alguns fatores (coeteris paribus) o preço desse bem, a renda do consumidor, o preço dos bens substitutos, o preço dos bens complementares e os hábitos e gostos dos consumidores. 3.1.1 Elementos que deslocam a curva de demanda Alguns dos fatores que influenciam a demanda podem ser responsáveis por um deslocamento da curva de demanda. Uma variação positiva nos gostos ou preferências de um consumidor por certo produto indica que mais unidades do produto serão demandadas a cada preço. A demanda aumenta e a curva desloca-se para a direita. Uma variação desfavorável desloca a curva da demanda para a esquerda. A introdução de um produto novo também altera a demanda, deslocando a curva de demanda para a esquerda. Um aumento no número de consumidores em um mercado também provoca um deslocamento positivo da curva de demanda, já que provoca um aumento na procura. Da mesma forma, como vimos anteriormente, para bens normais, quando a renda aumenta, a demanda também aumenta, provocando um deslocamento da curva de demanda para a direita, isto é: coeteris paribus; aos mesmos preços, o consumidor está disposto a adquirir maiores quantidades do produto com a elevação de sua renda. As expectativas dos consumidores quanto aos preços dos produtos, à disponibilidade dos produtos e à sua renda no futuro podem também deslocar a demanda. Expectativas de elevação de preços no futuro podem induzir o consumidor a comprar mais agora para evitar os aumentos esperados de preços, aumentando a demanda hoje e deslocando a curva de demanda para a direita. Assim, é preciso ter em mente a diferença entre demanda e quantidade demandada.
A demanda é toda a curva que relaciona os possíveis preços a quantidades determinadas. A quantidade demandada refere-se a um ponto específico da curva de demanda, relacionando um preço a uma quantidade.36
36

Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/13145388/Apostila-de-Economia>.

40

ECONOMIA E MERCADO
3.2 A oferta

Enquanto a demanda reflete uma relação que descreve o comportamento de consumidores, a oferta exprime o comportamento dos produtores, mostrando o quanto esses empresários estão dispostos a vender a um determinado preço. Assim, as diferentes quantidades que os produtores desejam vender no mercado em determinado período de tempo constituem a oferta.
Vários são os fatores que condicionam a oferta: o preço do produto a ser ofertado, os preços dos fatores de produção, a tecnologia e as preferências do produtor. Se apenas o preço do bem ofertado varia, permanecendo os demais fatores constantes (coeteris paribus), obteremos a relação entre o preço de um bem, por exemplo, bananas, e a quantidade destas que um agricultor deseja oferecer por preço e por unidade de tempo.37

Lembrete A lei geral da oferta diz: quando o preço de uma mercadoria aumenta, a quantidade ofertada desta aumenta, mas quando seu preço diminui, a sua quantidade diminui. Os preços altos estimulam os vendedores a produzir e vender mais. Portanto, quanto mais elevado o preço, maior a quantidade ofertada.
A função oferta mostra a relação direta entre quantidade ofertada e nível de preços (coeteris paribus). Tem-se a lei geral da oferta.38

Dado um exemplo fictício e um mercado produtor de bananas, obtêm-se as seguintes quantidades ofertadas e seus respectivos preços:
1) Preço P (R$ por quilo) A B C D R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 6,00 R$ 4,00 2) Quantidade Q demandada (milhares de quilos de banana por semana) 260 240 200 150

Quadro 5 – Relação de oferta de bananas

Como podemos observar, ao aumentar o preço das bananas, a quantidade ofertada também aumenta, numa relação direta. Isso ocorre porque um aumento do preço no mercado estimula as empresas a
37 38

Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/13145388/Apostila-de-Economia>. Disponível em: <http://www.docstoc.com/docs/22427183/Curva-de-Oferta>.

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Unidade II
produzirem mais, aumentando suas receitas, porque há um aumento nos custos de produção e a empresa precisará aumentar seus preços para manter o mesmo nível de produto.
Lembrete A equação algébrica da oferta pode ser definida da seguinte forma: Qx = f (px, pi, pz, T).
Assim, a curva de oferta de mercado exprime a relação entre a quantidade de uma mercadoria oferecida por todos os produtores e seu preço com todos os outros fatores (tecnologia, preço dos fatores produtivos, preferências dos empresários, entre outros) permanecendo constantes.39

Matematicamente, a função de oferta pode ser expressa da seguinte maneira: Qo = f (P) Em que: Qo = quantidade ofertada de um bem ou serviço em determinado período. P = preço do bem ou serviço ofertado. Como já destacado, a oferta de um bem ou serviço é condicionada por outros fatores além de seu preço. Se há um aumento nos custos dos fatores de produção, poderá haver (coeteris paribus) uma redução na oferta do produto. Por outro lado, se há avanço tecnológico, com consequências sobre a produtividade, haverá elevação na oferta, o restante permanecendo constante. Se aumenta o número de empresas ofertantes no mercado, a oferta do bem ou serviço também deverá aumentar. Curva de oferta
12,00 10,00 Preço P 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 0 100 200 Quantidade Q 300

Figura 7 - Curva de oferta de bananas
39

Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/13145388/Apostila-de-Economia>.

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ECONOMIA E MERCADO
3.2.1 Elementos que deslocam a curva de oferta Assim como alguns fatores podem modificar a demanda, fazendo com que a curva de demanda se desloque para a direita ou para a esquerda, os fatores que condicionam a oferta de mercado também podem afetar a curva de oferta, deslocando-a para a direita ou para a esquerda, conforme se eleve ou se reduza a oferta de bens.
Lembrete Os fatores que influenciam a oferta de um bem são: preço do próprio bem, preço de insumos produtivos, tecnologia e preço de outros bens (coeteris paribus). Os preços dos fatores de produção utilizados no processo produtivo ajudam a determinar os custos de produção das firmas. Fatores de produção com preços altos significam maiores custos e menores lucros, o que diminui o incentivo que as firmas têm em ofertar esse produto. A oferta se reduz e a curva de oferta desloca-se para a esquerda. O desenvolvimento tecnológico proporciona um uso mais eficiente dos fatores de produção, possibilitando que as mesmas unidades de produto sejam produzidas com uma quantidade menor de recursos produtivos. Isso possibilita a redução de custos e o aumento da produção, elevando a oferta e provocando o deslocamento da curva de oferta para a direita. As firmas consideram a maioria dos impostos como custos, portanto um aumento nos impostos sobre as vendas ou sobre a propriedade elevará os custos de produção e reduzirá a oferta, fazendo a curva de oferta deslocar-se para a esquerda. Em compensação, os subsídios reduzem os custos de produção e podem aumentar a quantidade ofertada, deslocando a curva de oferta para a direita. Além disso, o aumento no número de produtores no mercado fará elevar a oferta do produto nesse mercado, provocando também o deslocamento da curva de oferta. A expectativa quanto ao preço futuro de um produto poderá também afetar a disposição atual do produtor em ofertar esse produto, ocasionando o deslocamento da curva de oferta de mercado. Quanto à demanda, é preciso fazer a diferença entre oferta e quantidade ofertada.
A oferta diz respeito a toda a curva de oferta, enquanto que a quantidade ofertada diz respeito a um ponto específico da curva de oferta.40 3.3 O equilíbrio de mercado

Como vimos, as quantidades demandadas no mercado variam inversamente aos preços, e as quantidades ofertadas variam diretamente com os preços.
40

Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/13145388/Apostila-de-Economia>.

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Unidade II
A curva de demanda reflete os planos de consumo dos consumidores de um dado mercado, ao passo que a curva de oferta reflete os planos de oferta dos produtores de um mercado específico. Para compreender como se compatibilizam os desejos de consumidores e produtores, é preciso confrontar as curvas de oferta e demanda. Só então é possível avaliar como ocorre a interação entre oferta e demanda na determinação de preços e quantidades de equilíbrio em um dado mercado, para que tanto consumidores quanto produtores acabem por maximizar sua satisfação.
(1) Preço (R$ por banana) R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 6,00 R$ 4,00 (2) Quantidade demandada (milhares de quilos por semana) 50 100 200 400 (3) Quantidade ofertada (milhares de quilos por semana) 260 240 200 150 (4) Excedente (+) ou escassez (-) Excesso de oferta Excesso de oferta Equilíbrio Escassez de oferta (5) Pressão sobre o preço Queda Queda Estável Alta

Quadro 6 – O confronto oferta e demanda

No ponto de intersecção das curvas de demanda e oferta (E), tanto consumidores quanto produtores realizam suas aspirações. O ponto em que coincidem os planos dos produtores e consumidores é o chamado ponto de equilíbrio, em que se igualam as quantidades ofertadas e as quantidades demandadas e obtém-se, portanto, o preço de equilíbrio de mercado. Equilíbrio da oferta da demanda
12,00 10,00 8,00 Preço P 6,00 4,00 2,00 0,00 0 100 200 300 400 500 Quantidade Q Figura 8 – Equilíbrio de mercado

Se o preço for maior que o preço de equilíbrio, a quantidade ofertada é maior que a demanda; haverá, portanto, um excesso de produção e um acúmulo de estoques. Consequentemente, a competição entre 44

ECONOMIA E MERCADO
os produtores ficará mais acirrada, o que levará a uma redução dos preços, até que atinjam novamente o nível de equilíbrio de mercado. Se o preço for inferior ao preço de equilíbrio, a quantidade ofertada será menor que a demanda e haverá uma escassez de produto. Agora, teremos o acirramento da competição entre os consumidores, dado que a demanda será maior que a oferta. Isso fará com que os preços elevem-se, até que se chegue novamente aos preços de equilíbrio. Num mercado competitivo, com um grande número de produtores e consumidores, a competição faz com que o mercado tenha uma tendência natural para chegar a um equilíbrio estacionário. Essa é a essência do funcionamento do mecanismo de oferta e demanda num mercado livre e concorrencial. Para que o equilíbrio seja atingido, não poderá haver interferência nem do Estado, nem de oligopólios, pois eles impediriam o ajuste natural dos preços ao sabor das forças de mercado. É preciso ter em mente que os mesmos fatores que deslocam as curvas de demanda e oferta podem afetar o equilíbrio do mercado, elevando ou reduzindo preços e quantidades de equilíbrio.
3.4 Teoria da produção

Numa economia de mercado, consumidores e empresas representam, respectivamente, as unidades do setor de consumo e de produção, que se inter-relacionam por meio do sistema de preços do mercado. No módulo anterior, trabalhamos o funcionamento do mercado, levando-se em conta uma oferta de mercado dada, positivamente inclinada, refletindo o comportamento de firmas típicas, as quais, no nosso exemplo, ofertavam bananas. A empresa ou firma é a unidade econômica de produção, responsável pela combinação entre os recursos produtivos para produzir bens e serviços a serem ofertados para venda no mercado. É uma unidade de produção que atua racionalmente, em busca de maximizar seus resultados. As empresas, portanto, produzem bens ou serviços que vão ser demandados pelos consumidores durante o processo de satisfação de suas necessidades. Mas, para produzir esses bens, as firmas dependem da disponibilidade dos recursos produtivos, de sua combinação, de seus preços, entre outros. Os fatores (recursos) de produção ou insumos são os bens ou serviços passíveis de serem transformados no processo produtivo. Agora, estudaremos como se forma a oferta a partir do comportamento da empresa, com uma tecnologia dada e uma estrutura de custos dos diferentes recursos produtivos utilizados no processo de produção. A principal atividade da empresa é a produção e, como já destacamos, seguindo o princípio da racionalidade, seu principal objetivo é a maximização de lucros. 45

Unidade II
O lucro de uma firma é a diferença entre as receitas e os custos num dado período. Nesse sentido, a firma deverá ajustar os fatores de produção que emprega – trabalho, recursos naturais, tecnologia, capacidade empresarial e capital –, para minimizar custos e maximizar os lucros da quantidade a ser ofertada no mercado. Assim, dados os preços dos insumos, a empresa deverá escolher as quantidades de cada um deles para obter o produto final na qualidade e quantidade desejadas pelos consumidores no mercado. Essa escolha dependerá do preço dos insumos, da tecnologia empregada e dos gostos dos consumidores. Estudaremos, portanto, a teoria da firma, ramo da economia que trabalha com a determinação das variáveis econômicas mais importantes para as empresas privadas, como preço, produção e crescimento. Ela se divide em teoria da produção e teoria dos custos, para entendermos o que há por trás da curva de oferta de mercado. A teoria da produção trabalha a relação técnica entre as quantidades físicas produzidas (outputs) e as quantidades de fatores de produção (insumos – inputs) utilizadas durante o processo produtivo. A teoria dos custos, por sua vez, relaciona a quantidade física dos produtos com os preços desses insumos e a produtividade deles condicionada à tecnologia empregada. A tecnologia pode ser entendida como o estado de conhecimentos técnicos da sociedade em determinado momento. No caso da empresa, a tecnologia é representada pela função de produção. 3.4.1 A produção A produção é o processo em que a firma combina e transforma os recursos de produção em produtos ou serviços para a venda no mercado. As diferentes combinações desses insumos na produção dos bens e serviços vão definir os diversos métodos de produção. Mediante o fator de produção utilizado em maior quantidade, teremos distintos métodos de produção. Assim, podemos ter uma produção intensiva, que utiliza mais mão de obra em relação aos outros fatores de produção, ou uma produção capital-intensiva que utiliza mais capital em relação aos outros insumos, ou, ainda, a produção poderá ser terra-intensiva, e assim por diante. Os métodos de produção são as diferentes combinações dos fatores de produção a um dado nível tecnológico. A escolha das diferentes combinações entre os fatores de produção estará condicionada à sua eficiência.
Quando um método de produção utiliza menor quantidade de insumos para produzir uma quantidade equivalente de produto, temos eficiência técnica ou tecnológica.41

Quando, por outro lado, utilizamos um método de produção cujos custos de produção são menores em relação a outros métodos, temos a eficiência econômica.
41

Disponível em: <http://www.slideshare.net/ecsette/teoria-de-produo>.

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ECONOMIA E MERCADO

Lembrete • Eficiência técnica: processo que alcança a melhor quantidade de produto com a menor quantidade de insumos ou fatores de produção. • Eficiência econômica: busca do processo que apresenta o menor custo de produção. Logo: • Eficiência técnica: é o método de produção que permite produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando menor quantidade física de fatores de produção. • Eficiência econômica: é o método de produção que permite produzir uma mesma quantidade de produto a um menor custo de produção. 3.4.2 A função de produção A quantidade de fatores de produção utilizada pelo produtor vai variar de acordo com suas decisões de o quê, como e quanto produzir, as quais dependem dos sinais vindos dos consumidores, o que resulta numa variação correspondente nas quantidades produzidas do produto.
A função de produção é a relação entre a quantidade de produto, a qual pode ser obtida com determinada quantidade de fatores de produção num dado período de tempo.42

É preciso ressaltar que essa definição de função de produção admite sempre o pressuposto de que o produtor está utilizando a combinação mais eficiente dos recursos de produção e, portanto, está produzindo a maior quantidade possível do produto. Temos a máxima produção possível, a dados níveis de trabalho, tecnologia, capital, recursos naturais e capacidade empresarial. Se ocorrer um avanço técnico, haverá uma mudança na função de produção, pois obteremos uma quantidade maior de produtos com a mesma quantidade de fatores de produção. É importante não confundirmos os conceitos de função oferta e função de produção. A função de produção é um conceito físico ou tecnológico e se refere às quantidades físicas de produto e de recursos produtivos, ao passo que a função oferta é um conceito econômico, pois depende dos preços dos fatores de produção.
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Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/37873755/Macro-e-Micro-Economia>.

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Assim, temos que: quantidade de produto = f (quantidade de fatores) Se partirmos da hipótese de que essa firma trabalha com inúmeros fatores de produção, representados por X1, X2, X3, [...], Xn, teremos a seguinte representação matemática da função de produção dessa empresa: q = f (X1, X2, X3, ..., Xn) Em que: q: quantidade produzida do bem ou serviço, num dado período de tempo. X1, X2, X3, [...], Xn: quantidades dos fatores de produção utilizados. f: indica que q depende das quantidades de insumos utilizados. Por outro lado, se para facilitar a compreensão supormos que a produção da empresa citada depende apenas da quantidade de mão de obra utilizada e da quantidade de capital, teremos a seguinte função de produção: q = f (L,K) Em que: L: quantidade de mão de obra. K: quantidade de capital. Para q > 0, L > 0 e k > 0. É preciso lembrar que se mantém a suposição de eficiência técnica – a máxima produção possível a dados níveis de mão de obra e capital. Se ocorrer alguma alteração no nível de tecnologia dado, a composição da função de produção também se alterará.
3.5 Análise de curto prazo

Se retomarmos o exemplo da função de produção exposto anteriormente, em que a quantidade produzida é condicionada pelas quantidades de capital e trabalho utilizadas, teremos: q = f (L, K)

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Em que: q: quantidade produzida. L: quantidade de mão de obra (insumo variável). K: quantidade de capital (insumo fixo).
Ao considerar o fator capital fixo e o fator trabalho variável, a quantidade produzida terá sua variação dependendo apenas da variação da quantidade utilizada do insumo variável, associada à contribuição constante do insumo fixo, em cada combinação de fatores utilizados.43

Nesse caso, a mão de obra é o fator variável, e a função de produção poderá ser expressa como: q = f (L) Outros conceitos importantes para a análise da teoria da produção são os de produto total, produto médio (ou produtividade média) e produtividade marginal dos fatores de produção.
O produto total é a quantidade de produto que se obtém ao utilizar o insumo variável, mantendo-se fixa a quantidade dos demais insumos. O produto médio ou produtividade média do fator é o quociente entre as variações do produto total e as variações da quantidade utilizada do insumo. Logo, a produtividade média representa a variação do produto total quando se verifica a variação no fator de produção analisado.44

Em termos esquemáticos, temos: 1. Produtividade média da mão de obra: PmeL = produtototal quantidade.trabalho

2. Produtividade média do capital: PmeK = produtototal quantidade.capital

A produtividade marginal dos fatores é a variação do produto, dada uma variação de uma unidade na quantidade do fator produção, num determinado período de tempo.
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Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7160071/Manual-de-Economia-Profess-Ores-Da-Usp>. Disponível em: <http://www.slideshare.net/ecsette/teoria-de-produo>.

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Assim, temos: 3. Produtividade marginal da mão de obra: PmgL = ∆produto ∆ de mão de obra

4. Produtividade marginal do capital: PmgK = ∆produto ∆ de capital
Lembrete Curto prazo, em economia, é definido quando um fator de produção é variável. Já o longo prazo é quando todos os fatores de produção são variáveis. 3.5.1 A lei dos rendimentos decrescentes
Um conceito importante na análise da teoria da produção é a lei dos rendimentos decrescentes, que descreve o comportamento da taxa de variação da produção quando apenas um insumo varia, e todos os demais permanecem constantes. Ao aumentar a produção de acordo com sua função de produção, em uma empresa que possui apenas um insumo variável (todos os outros considerados insumos fixos), as proporções de combinações entre os insumos se alteram.45

Essa alteração está condicionada pela lei dos rendimentos decrescentes ou lei da produtividade marginal decrescente – quanto maior o emprego de alguns fatores de produção em um setor, deixando os demais constantes, menores serão os acréscimos no produto total. Portanto, ao se elevar a quantidade do insumo variável, mantendo fixas as quantidades dos outros insumos, a produção inicialmente aumentará a taxas crescentes.
Depois de certo volume do insumo variável utilizado, continuará a crescer, mas a taxas decrescentes (com acréscimos cada vez menores).46

Caso se amplie ainda a quantidade do fator variável utilizada, a produção total atingirá um máximo, a partir do qual se reduzirá.
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Para ilustrarmos os conceitos até agora desenvolvidos, vamos supor uma empresa que trabalhe com dois fatores de produção: mão de obra (variável) e capital (fixo).
Podemos verificar que, se as várias combinações de mão de obra forem utilizadas para produzir fios, e se a quantidade de capital permanecer constante, os aumentos da produção irão depender do aumento da mão de obra utilizada na produção de fios.47

Assim, a produção de fios aumentará até certo ponto e depois decrescerá. Observemos as diferentes proporções e seus impactos na produção, no produto médio e na produtividade marginal no quadro a seguir.
Capital (K) 10 10 10 10 10 10 10 10 10 Mão de obra (L) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Produto total 0 3 8 12 15 17 17 16 13 Quadro 7 Produtividade média da mão de obra (PMe = PT/L) 3 4 4 3,75 3,4 2,8 2,3 1,6 Produtividade marginal da mão de obra (PMg=∆PT/∆L∆) 3 5 4 3 2 0 -1 -3

Ao observar o quadro 7, tem-se, a princípio, que os acréscimos na utilização da mão de obra (insumo variável) provocam incrementos na produção. A partir da segunda unidade de mão de obra acrescida no processo produtivo, aparecem os rendimentos decrescentes, observados numa produtividade marginal decrescente. O produto total máximo é atingido utilizando-se seis unidades de mão de obra, em que a produtividade marginal da mão de obra é igual a zero. Esse é o ponto máximo do produto total, a produtividade marginal é negativa: acréscimos de mão de obra resultam numa diminuição do produto total em consequência da lei dos rendimentos decrescentes. A curva do produto total evolui inicialmente a taxas crescentes, depois a taxas decrescentes, até atingir seu ponto máximo, para, em seguida, decrescer.
As curvas de produtividade média e de produtividade marginal são construídas a partir da curva do produto total. É preciso ter em mente que a lei dos rendimentos decrescentes é um fenômeno de curto prazo, já que pelo menos um insumo permanece fixo.48
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3.6 Análise de longo prazo

Quando a demanda por um produto é crescente, a firma desejará ampliar sua produção. A princípio, o produtor pode responder a esse aumento na demanda, ampliando a jornada de trabalho de sua mão de obra ou ampliando o número de trabalhadores em sua empresa. No entanto, sabe-se que o aumento do número de trabalhadores tem um limite a partir do qual seu efeito torna-se negativo sobre a produção total. Se a pressão do mercado se estender, será necessário que a firma altere as quantidades dos fatores de produção anteriormente mantidos fixos, para fazer frente à necessidade de ampliação da produção. Isso ocorre porque o empresário racional não irá permitir que seu produto marginal seja negativo, o que ocasionaria uma redução no produto total, e não o aumento desejado. Assim, em longo prazo, as empresas poderão alterar as quantidades de qualquer um dos insumos empregados na produção. Na análise de longo prazo, portanto, todos os fatores de produção variam, inclusive o tamanho da empresa. Se considerarmos a participação de apenas dois fatores de produção, conforme fizemos na análise de curto prazo, teremos a seguinte função de produção: q = f (L,K) A possibilidade da variação de todos os fatores de produção em longo prazo cria, como já destacamos, a possibilidade de ampliação do tamanho da firma, o que acarretará efeitos sobre o produto total. São os chamados rendimentos ou economias de escala (escala é o tamanho da empresa mediada por sua produção).
Os rendimentos de escala expressam a reação da quantidade produzida a uma variação na quantidade utilizada de todos os insumos, quando a empresa aumenta de tamanho, ou seja, quando todos os fatores variam simultaneamente na mesma direção.49 Existem os rendimentos crescentes de escala (ou economias de escala), os quais ocorrem quando a variação na quantidade produzida é mais que proporcional à variação da quantidade utilizada de insumos produtivos.50

Assim, se dobrarmos a quantidade utilizada de todos os fatores, obteremos mais do que o dobro do produto total. Eles podem ocorrer porque um aumento na escala produtiva proporciona uma especialização maior do trabalho ou porque existem indivisibilidades entre os fatores de produção.
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Os rendimentos constantes de escala ocorrem quando a quantidade utilizada de insumos e o produto total variam na mesma proporção. Ao dobrarmos a quantidade utilizada dos recursos produtivos, obteremos o dobro da quantidade produzida. As “deseconomias” de escala ou rendimentos decrescentes de escala resultam de uma variação do produto total menos do que proporcional à variação na utilização dos insumos. Se utilizarmos o dobro da quantidade de fatores de produção, o produto total terá um crescimento de apenas 50%. Nesse caso, podemos afirmar que houve uma queda na produtividade dos fatores.
3.7 Teoria dos custos

Como já destacado, os produtores são indivíduos racionais e, como tais, irão buscar maximizar seus resultados ao realizarem suas atividades produtivas. Nesse sentido, a empresa procurará sempre utilizar certa combinação de fatores para obter a máxima produção possível. No entanto, os recursos produtivos são bens econômicos, isto é: para a firma utilizá-los, precisa pagar um preço por eles. Assim, para levar a cabo a produção, a empresa incorre em uma série de custos. Praticamente todas as decisões da firma vão gerar um custo, já que, ao escolher determinada combinação de fatores de produção, omitirão muitos outros recursos produtivos e porque definirão qual volume de produção cada empresa irá lançar no mercado.
A quantidade utilizada de cada fator de produção, multiplicada por seu preço respectivo, representa a despesa total que a firma deverá realizar para poder colocar o processo produtivo em movimento. Essa dita despesa é denominada custo total de produção. Assim, para obter resultados satisfatórios e alcançar o chamado equilíbrio da firma, a empresa deverá buscar ou a maximização da produção a um determinado custo total, ou minimizar o custo total para certo nível de produção.51

Uma vez que se conheça o valor dos insumos, é possível definir um ponto ideal para o custo total de produção a cada volume de produção. 3.7.1 Os custos de produção em curto prazo Os custos totais Como já visto, os fatores de produção podem ser fixos (a quantidade não se altera para elevar ou reduzir o volume produzido no curto prazo) ou variáveis (a quantidade varia para fazer frente às alterações na demanda em curto prazo).
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Consequentemente, o custo total de produção, conforme verificado, é definido como o total das despesas realizadas pela firma com a utilização da combinação mais econômica dos fatores.52

Ele pode ser dividido em dois tipos de custos: • Os custos variáveis, determinados pelo valor dos insumos variáveis, que dependem da quantidade empregada desses fatores, portanto, dependem do volume da produção. São gastos com folha de pagamento, pagamentos de matérias-primas, entre outros. • Os custos fixos, que independem do nível de produção e representam as despesas com os fatores fixos de produção, são as despesas com aluguéis, depreciação, entre outros. Os custos totais são determinados pela soma entre os custos variáveis e os custos fixos. Custo Total (CT): CVT + CFT Em que: CT: custo total no curto prazo. CVT: custo variável total. CFT: custo fixo total. A análise dos custos obedece à mesma lógica da teoria da produção, sendo, portanto, dividida em curto e longo prazo.
Os custos totais de curto prazo são compostos por parcelas de custos fixos e variáveis, já que, no curto prazo, a função de produção admite a existência de pelo menos um fator de produção fixo.53

Os custos totais de longo prazo são formados exclusivamente por custos variáveis, já que, em longo prazo, inexistem insumos fixos. Em curto prazo, partimos do pressuposto de que uma firma realize a sua produção utilizando fatores fixos e variáveis, e partindo da hipótese da existência de apenas um fator fixo, capital, e um fator variável, mão de obra, a produção dessa empresa irá aumentar ou diminuir a partir da variação do uso de mão de obra. Logo, em curto prazo, o custo fixo total permanece inalterado, e o custo total de curto prazo irá depender exclusivamente de variações no custo variável total, que depende da quantidade produzida.
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Disponível em: <http://antigo.qi.com.br/professor/downloads/download8662.doc>. Disponível em: <www. Scribd.com/doc/7160071/Manual-de-Economia-Profess-Ores-Da-Usp>.

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Dessa forma, a função de produção dessa empresa em curto prazo poderá ser assim representada: q = f (X1, X2) Em que: q: quantidade produzida. X1: fator variável de produção. X2: fator fixo de produção.
Como vimos, o custo total da produção é dado pelo total das despesas realizadas com a utilização da combinação mais econômica dos fatores de produção.54

Esse custo total é, por sua vez, formado pelas despesas com os fatores variáveis e com os fatores fixos. No nosso exemplo, temos um fator fixo e um fator variável. Se representarmos os preços desses fatores de produção como P1 e P2, poderemos representar o custo fixo total e o custo variável total em função dos preços dos insumos. O custo fixo total é determinado pelo montante total de despesas realizadas com o fator fixo, expresso pela quantidade utilizada desses fatores multiplicada por seu preço respectivo. Matematicamente, teremos: CFT = P2 X2 A quantidade utilizada dos insumos variáveis multiplicada por seu preço nos dará o custo variável total, determinado pelo montante total realizado com o fator variável. Teremos, então: CVT = P1X1 A equação do custo total de curto prazo é então dada por: CT = P1X1 + P2 X2 Dessa maneira, o custo fixo total não se altera, e o custo variável total poderá aumentar ou diminuir em função da maior ou menor utilização do insumo X1, considerando os preços dos insumos inalterados (coeteris paribus).
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Os custos médios e marginais Os custos médios são os custos totais por unidade de produto, obtidos pela relação entre o custo total e a quantidade produzida. É chamado também de custo unitário. CTMe = Em que: CT: custo total. q: quantidade total produzida. O custo variável médio é dado pela relação entre o custo variável total e a quantidade produzida. Assim, temos: CVMe = Em que: CVT: custo variável médio. q: quantidade produzida. O custo fixo médio é dado pelo quociente entre o custo fixo total e a quantidade produzida. Temos, portanto: CFMe = Em que: CFT: custo fixo total. q: quantidade produzida. Os custos médios em curto prazo são representados por uma curva em formato de U, que, inicialmente, conforme aumenta o volume de produção, decresce, até alcançar um ponto de custo mínimo, após o qual cresce novamente. Inicialmente, os custos médios são declinantes porque existe um volume relativamente grande de equipamento de capital (insumo fixo) para pouca mão de obra. Assim, até determinado nível de produção, é vantagem para a firma absorver mais trabalhadores, com o mesmo volume de capital empregado, e aumentar a produção, pois o custo médio é declinante. 56 CFT q CVT q CT q

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Mas, à medida que se vai aumentando a produção, alcança-se um ponto de saturação da utilização do capital e a elevação das quantidades de insumo variável; no caso da mão de obra, isso não ocasionará aumentos proporcionais da produção. É o ponto em que os custos médios começam a se elevar. Esse comportamento das curvas de custo médio é análogo ao das curvas de custo total. Ora, se o custo variável total é a despesa diretamente relacionada com o andamento da produção, o custo variável total irá se elevar à medida que a produção cresce, conforme visto. No entanto, o custo variável médio, a princípio, é decrescente, e só depois de atingir o mínimo, a certo nível de produção, torna-se crescente. Isso ocorre porque o custo variável total, quando a empresa trabalha com capacidade ociosa (muito capital e pouca mão de obra), cresce proporcionalmente menos do que a produção, fazendo com que os custos médios decresçam.
Após certo nível de produto, os custos totais passam a crescer proporcionalmente mais que o aumento da produção, e os custos médios passam a ser crescentes.55

Como o custo fixo total é constante para todos os níveis de produção, o custo fixo médio será decrescente à medida que a produção aumenta, tendendo a zero. O custo marginal representa o custo de produzir uma unidade extra do produto; logo, é dado pela relação entre a variação do custo total e a variação da quantidade produzida. CMg = Em que: ∆ CT: variação do custo total. ∆ q: variação da quantidade produzida.
Como o custo fixo total permanece constante, em curto prazo, o custo marginal é determinado apenas pela variação do custo variável total.56

∆CT ∆q

Assim, afirma-se que os custos marginais não são influenciados pelos custos fixos. 3.7.2 Custos em longo prazo Em curto prazo, a firma busca a maximização de seus lucros com as estruturas físicas de que dispõe, e se vê diante de determinados custos fixos expressos na dimensão dada dessa firma. Em longo prazo, a firma normalmente planeja novos investimentos, de forma a modificar a utilização e a combinação de todos os fatores de produção, alterando, assim, o seu potencial produtivo. Isso é
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Disponível em: <http://www.slideshare.net/ecsette/teoria-de-produo>. Disponível em: <http://www.slideshare.net/ecsette/teoria-de-produo>.

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possível porque, em longo prazo, todos os fatores de produção são variáveis, possibilitando a ampliação da capacidade de produção e a dimensão da empresa. Como não existem insumos fixos em longo prazo, não faz sentido a distinção entre custos fixos e variáveis. Não existem, portanto, custos fixos: todos os custos são variáveis. Desaparecem as curvas de custo fixo total e custo fixo médio, e destaca-se a curva de custo médio de longo prazo. O longo prazo é um horizonte de planejamento, cujos investimentos os empresários podem escolher e planejar, com uma gama de situações de curto prazo, com diferentes escalas de produção disponíveis, para que escolham a que leve à otimização de seus resultados. O objetivo de custo de longo prazo de uma firma é ajustar a sua escala de produção para ter um tamanho satisfatório, isto é, deve haver um nível de produção desejado ao custo mais baixo possível. O produtor, até fazer uma escolha de investimento, encontra-se numa situação de longo prazo, podendo decidir por qualquer uma das alternativas. Uma vez que decida por um investimento, uma nova capacidade de produção tenha sido instalada e os ajustes tenham sido feitos na produção, ele terá uma nova estrutura produtiva, em que alguns tipos e quantidades de insumos serão considerados fixos. A firma passa, então, a operar novamente em curto prazo, com uma dada estrutura de custos fixos. Um agente econômico, portanto, opera em curto prazo e planeja em longo prazo. 3.7.3 Custos de produção: visão econômica x visão contábil-financeira Enquanto contadores e administradores concentram sua preocupação no detalhamento de uma empresa específica, os economistas procuram fazer uma análise mais genérica, olhar não apenas a situação interna de uma empresa específica, mas também o ambiente externo das empresas e suas possíveis interações no mercado, tanto com consumidores quanto com outros produtores e com a sociedade em geral. Existem alguns conceitos principais que ressaltam essas diferenças na teoria microeconômica. Os principais são os conceitos de custos de oportunidade e custos contábeis; externalidades; e custos e despesas. É importante destacar que a análise de custos feita pela teoria econômica considera não apenas os chamados custos contábeis, mas também os custos de oportunidade. Os custos contábeis são aqueles que envolvem dispêndio monetário, são custos explícitos, isto é: são gastos incorridos explicitamente em custos do trabalho de produção, pagamentos de partes componentes adquiridas de fornecedores, salários de administradores, juros, gastos de propaganda, variações de depreciação, entre outros. Já os custos de oportunidade são aqueles que não envolvem desembolso monetário, são custos implícitos e se referem ao ganho ou retorno que os produtores estão sacrificando ao optar por uma 58

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determinada combinação de fatores de produção ou determinado investimento, em detrimento de qualquer alternativa também lucrativa. Por exemplo, se a empresa possui capital em caixa, o custo de oportunidade é o que a empresa poderia auferir se estivesse aplicando esse capital, que agora está em caixa, no mercado financeiro. Para expressar verdadeiramente a escassez relativa do fator de produção utilizado, as curvas de custos das firmas devem considerar os custos de oportunidade.
As externalidades ou economias externas tanto podem ser as alterações de custos e benefícios para a sociedade, resultantes das atividades produtivas das firmas, como também as alterações dos custos e receitas das firmas, resultantes de fatores externos a ela. Diz-se que a externalidade é positiva quando uma unidade econômica cria benefícios para outras, sem receber para isso.57

Diz-se que é negativa quando uma unidade econômica cria custos para outras, sem que para isso tenha incorrido em nenhum pagamento. Na contabilidade é feita a distinção entre custos e despesas. Os custos são gastos associados ao processo de fabricação dos produtos; as despesas são gastos associados ao exercício social e alocadas para o resultado geral do período (despesas financeiras, comerciais e administrativas). Os manuais de teoria microeconômica geralmente não fazem essa distinção, e subentende-se que o conceito de custo fixo deverá englobar as despesas financeiras, comerciais e administrativas, assim como os gastos no processo produtivo em si.
4 ESTRUTURAS DE MERCADO

Vimos anteriormente que podemos analisar os fatores que determinam a oferta e a demanda de bens e serviços. Na análise da determinação dos preços no mercado, constatamos que o preço e a quantidade de equilíbrio seria resultado automático da ação da oferta e da demanda. No entanto, é preciso destacar que, na análise do equilíbrio de mercado, partimos da hipótese de que existiam muitos produtores e consumidores, nenhum deles teria o poder de influenciar os preços e as quantidades de equilíbrio e não haveria a interferência nem do governo nem de oligopólios nesse mercado. Implicitamente, supunha-se uma estrutura específica de mercado: a de concorrência perfeita. Contudo, é preciso ter em mente que interagem oferta e demanda de modo que apresentam resultados muito diferentes em cada mercado, pois cada uma tem características específicas, como: o tipo de produto; as condições tecnológicas; o número de empresas que compõem esse mercado,
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Disponível em: <http://antigo.qi.com.br/professor/downloads/download8662.doc>.

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definindo a concorrência; o acesso à informação; a existência ou não de barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. As estruturas de mercado são, portanto, modelos que captam aspectos de como os mercados estão organizados, destacando alguns aspectos essenciais da interação entre oferta e demanda. No entanto, esses mercados estão organizados seguindo o princípio da racionalidade e da busca de otimização de resultados por parte dos produtores. O critério geralmente utilizado para classificar os diferentes tipos de mercados é aquele que se refere ao número de agentes econômicos que dele participam. A concorrência, que é a forma de organizar os mercados ao determinar os preços e as quantidades de equilíbrio, está pautada primordialmente nesse critério. A concorrência que se estabelece entre um grande número de produtores (concorrência perfeita) será diferente daquela em um mercado com um número limitado de vendedores (oligopólio). Se a concorrência inexiste, o mercado será controlado por um só produtor (monopólio). Assim, as principais estruturas de mercado são concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolística (ou imperfeita) e oligopólio. Esses quatro modelos de mercado diferem quanto ao número de firmas na indústria, quanto à produção de um produto padronizado ou à tentativa de diferenciar seus produtos das demais firmas e quanto à facilidade ou dificuldade que outras firmas enfrentam para entrar na indústria. Na microeconomia tradicional, para todas essas estruturas de mercado, parte-se do pressuposto de que o objetivo principal das firmas é a maximização dos lucros, em curto ou longo prazo. O lucro total é dado pela diferença entre as receitas de vendas da empresa e seus custos totais de produção. Para maximizar o lucro, a firma deverá escolher o volume de produto, para que a diferença entre a receita total de venda e o custo total de produção seja a maior possível. LT = RT – CT Em que: LT: lucro total. RT: receita total de vendas. CT: custo total de produção. A empresa maximizará seu lucro com um nível de produção em que receita marginal seja igual ao custo marginal. Logo, a receita adicional para produzir uma unidade do produto é igual ao custo adicional para elevar essa produção em uma unidade. 60

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Temos, então: RMg = CMg ou ∆RT ∆CT = ∆q ∆q Se uma empresa aumenta a produção, e a receita adicional (RMg) for maior que o custo adicional (CMg), o lucro estará aumentando e a firma ainda não terá atingido o equilíbrio.
Nesse caso, o produtor desejará elevar a produção, porque cada unidade adicional fabricada aumenta os seus lucros, já que sua receita marginal é maior que seu custo marginal. Se, por outro lado, temos um nível de produção cuja receita marginal for menor que o custo marginal, a cada unidade adicional que o produtor deixa de produzir, seus lucros aumentam e o empresário terá interesse em reduzir a produção. 58

Também nesse caso a firma não terá alcançado o equilíbrio. Este se dará apenas no nível de produção em que a receita marginal é igual ao custo marginal, pois assim o lucro será máximo.
4.1 A concorrência perfeita A concorrência perfeita ou pura caracteriza-se pela existência de um grande número de produtores (firmas), de tal maneira que uma empresa isoladamente não consiga interferir nos níveis de oferta do mercado, e não tenha, portanto, poder para determinar os preços de equilíbrio. 59

Nesse mercado, é a interação entre oferta e demanda que determina o preço. Então, as principais hipóteses do modelo de concorrência perfeita são as que seguem: • Mercado atomizado: existe um número elevado de ofertantes e demandantes, como “átomos”. Desse modo, cada agente isolado exercerá pouca influência sobre o mercado como um todo, sem afetar a determinação de preços. Logo, se um produtor individual elevar ou diminuir a quantidade produzida, isso não influirá sobre o preço de mercado do bem que produz. • Produto homogêneo (ou padronizado): supõe-se que todas as firmas oferecem um produto semelhante; não existem diferenças de embalagem nem de qualidade entre os produtos nesse tipo de mercado. Assim, se o preço cobrado for o mesmo para todas as firmas, os consumidores serão indiferentes em relação ao produtor de quem comprarão a mercadoria desejada. Nessa estrutura mercadológica, os produtores não fazem nenhum tipo de diferenciação entre produtos nem tentam adotar outras formas de concorrência extrapreço.
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Disponível em: <http://www.slideshare.net/ecsette/teoria-de-produo>. Disponível em: <http://download.wlsv.com.br/FG/Introducao_a_Economia_2.pdf>.

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• Tomadores de preço ou price-takers: como as firmas não exercem controle significativo sobre o preço do produto, o produtor individual em concorrência pura é um tomador de preço, já que a firma não pode influenciar o preço de mercado, apenas ajustar-se a ele. Isso ocorre porque, em concorrência perfeita, cada firma produz uma fração tão pequena da produção total que aumentar ou diminuir sua produção não acarretará um impacto significativo sobre a oferta total nem sobre o preço de equilíbrio. • Transparência do mercado: todos os que participam do mercado, tanto consumidores quanto produtores, têm amplo acesso às informações relevantes e amplo conhecimento das condições gerais em que opera o mercado, sem incorrer em custos. Logo, todos os agentes econômicos conhecem preços, qualidade, custos, receitas, lucros, entre outros. • Livre entrada e saída: novas firmas podem entrar e sair das indústrias em concorrência perfeita. Não existem obstáculos significativos (legais, financeiros, tecnológicos, entre outros) que proíbam novas firmas de produzirem e venderem sua produção em qualquer mercado competitivo. O mercado é sem barreiras à entrada e à saída tanto de vendedores como de compradores. • Mobilidade de bens: existe uma completa mobilidade de produtos entre regiões, o que implica a inexistência de custos de transporte. Não se considera a localização espacial de produtores e consumidores. Um consumidor de Fortaleza paga igual a um de Sobral pelo mesmo produto. • Não existem externalidades: não há influências de fatores externos nos custos das firmas e na satisfação dos consumidores, ou seja, nenhuma firma influi no custo das outras e nenhum consumidor influi no consumo dos outros. • Concorrência perfeita no mercado de insumos: todas as firmas apresentam a mesma estrutura de custos, e os preços dos insumos são dados. Como podemos observar, o mercado em concorrência perfeita representa uma estrutura ideal de mercado, sem barreiras e sem interferências, o que não corresponde à realidade cotidiana da economia. No entanto, essa estrutura ideal serve como referência para a construção de modelos que estejam mais próximos da realidade. Apenas o mercado de produtos agropecuários poderia ser um exemplo que se aproxima do modelo de concorrência perfeita. Nesse mercado, como vimos, o preço de equilíbrio é determinado pela interação entre a oferta e a demanda do produto no mercado. A um dado preço, as firmas decidem qual a quantidade que irão ofertar. Assim, cada firma aceitará o preço como um dado fixo, sobre o qual não se pode influir. A partir do preço de equilíbrio, cada empresa individual produzirá a quantidade que indica sua curva de oferta para dado preço, a qual será condicionada por seus custos de produção. A curva de demanda de uma firma em concorrência perfeita será uma reta, porque, como a firma é tomadora de preços, sem como alterar isoladamente o preço ou praticar um preço superior ao estabelecido no mercado (ao preço estabelecido pelo mercado), ela poderá vender o quanto puder, estando limitada apenas por seu tamanho e estrutura de custos. 62

ECONOMIA E MERCADO
Se a empresa quiser vender a um preço mais alto, não conseguirá, pois os produtos são homogêneos e os consumidores irão demandar das outras firmas que vendem o mesmo produto mais barato (preço de mercado). Por outro lado, a firma não irá praticar preços abaixo do preço de mercado, porque a esse preço ela vende o quanto quer, não fazendo sentido vender mais barato. Em concorrência perfeita não existem lucros extraordinários (receitas são maiores que os custos) em longo prazo, mas apenas os lucros normais, cuja receita total se iguala ao custo total. Ora, se nesse mercado existe ampla transparência de informações e inexistem barreiras à entrada, no momento em que se estabelecerem lucros extraordinários, novas firmas serão atraídas para o mercado. Com o aumento no número de firmas, haverá uma elevação na oferta, o que fará com que os preços se reduzam, diminuindo-se, assim, os lucros extras, até que se alcance novamente o lucro normal. Novas empresas deixam de ser atraídas para esse mercado que alcança novamente o equilíbrio com lucros normais.
4.2 Monopólio

O monopólio se caracteriza pela existência de uma única firma dominando inteiramente a oferta do produto daquele mercado, para o qual não existem substitutos próximos. Assim, no monopólio existe apenas um ofertante, que, ao contrário do que ocorre na concorrência perfeita, tem plena capacidade de determinar o preço. Não há concorrência e os consumidores são obrigados a aceitar as condições impostas pelo produtor, sob pena de não poderem mais consumir o produto. Assim, podemos elencar as principais características do monopólio: • Um único vendedor: apenas uma firma realiza toda a produção ou é ofertante de um serviço. • Ausência de substitutos próximos: não existem bens ou substitutos próximos; do ponto de vista do comprador, não existem alternativas possíveis. • Formador de preço: a firma exerce um controle significativo sobre o preço porque controla toda a quantidade ofertada. • Existência de barreiras à entrada: um monopolista puro não tem concorrente, pois existem barreiras (econômicas, tecnológicas, legais, entre outras) que impedem que outras firmas potencialmente competidoras ingressem nesse mercado. • Concorrência extrapreço: o monopolista não precisa se distinguir nem fazer propaganda, já que não existem substitutos próximos para seu produto. • Concorrência entre consumidores: existe um número grande de consumidores que concorrem no mercado para consumir a quantidade ofertada pelo produtor. 63

Unidade II
A determinação de preços e quantidades de equilíbrio não são definidas pela interação entre oferta e demanda. Na verdade, o empresário monopolista desempenha um papel determinante no processo de fixação de preço de mercado, pois tem a capacidade de decidir seu valor. O monopolista só oferta uma determinada quantidade de produtos se puder estabelecer um determinado preço. Embora a firma não esteja sujeita aos preços de mercado, não poderá aumentá-los indefinidamente, pois isso implicará uma redução na demanda dos consumidores. O monopolista é um agente econômico racional, e, como tal, deseja otimizar seus resultados. Ele busca, então, maximizar seus lucros, e irá ajustar seu nível de produção até o ponto em que a receita marginal é igual ao custo marginal. Assim, enquanto o aumento da receita total for maior que o aumento no custo total, o monopolista deverá aumentar a sua produção, pois seu lucro estará aumentando. O ponto de lucro máximo é exatamente em que RMg = CMg. O volume de produto que a firma levará ao mercado será definido nesse ponto. Essa quantidade deverá ser substituída na curva de demanda, para que se estabeleça o preço de mercado. Existem vários fatores que influenciam no surgimento de um monopólio, como a existência de controle das fontes de suprimento de matérias-primas para a produção do produto; a existência de patentes, que conferem ao seu detentor a exclusividade na produção de certos produtos, até que a patente caia em domínio público; o controle estatal da oferta de determinados serviços concedidos a determinadas empresas concessionárias privadas ou mistas, estabelecendo o monopólio; a exigência de elevado volume de capital e alta capacitação tecnológica para produzir certos produtos; e a existência de um monopólio natural. O monopólio natural ocorre quando as características do mercado exigem a instalação de grandes plantas industriais, com economias de escala e custos unitários reduzidos, tornando difícil uma empresa conseguir oferecer o produto a um preço equivalente à firma monopolista já instalada. No monopólio natural, os custos médios diminuem à medida que aumenta a quantidade produzida do bem. Como a estrutura de mercado monopolista pressupõe uma única firma responsável pela oferta do produto, o monopólio só se mantém se essa firma conseguir impedir a entrada de outras firmas no mercado. O preço de equilíbrio do monopólio será maior que o do mercado em concorrência perfeita, e o nível de produção, inferior. Assim, a firma monopolista auferirá lucros mais elevados que em concorrência perfeita, os consumidores irão pagar um preço superior e a oferta será menor. No monopólio existem lucros extraordinários, tanto a curto quanto em longo prazo, pois há barreiras à entrada de novas firmas, conservando a posição privilegiada da firma monopolista. 64

ECONOMIA E MERCADO
4.3 Oligopólio

Em um mercado oligopolista, existe um número pequeno de firmas, diante de uma grande quantidade de consumidores, de tal sorte que os produtores podem exercer certo tipo de controle sobre o preço.
O oligopólio se caracteriza, portanto, pela existência de um número reduzido de produtores e vendedores, produzindo bens substitutos próximos entre si, e pelo poder das firmas de fixar os preços de venda nos seus termos.60

Num mercado oligopolizado, assim como no monopólio, existem barreiras à entrada de novas firmas no setor, e essas barreiras podem ser causadas pela existência de proteção a patentes, controle de matérias-primas-chave, tradição e oligopólio puro ou natural. Alguns produtos, por razões tecnológicas, só podem ser produzidos por grandes plantas industriais, e, nesses mercados, normalmente se instala um pequeno número de firmas (automóveis, extração de petróleo). Essa estrutura de mercado pode se dar de duas formas: um mercado com um pequeno número de empresas no setor, como a indústria automobilística; ou um mercado em que um pequeno número de firmas domina um setor, no qual existem muitas empresas, como a indústria de bebidas, por exemplo. Há, nesse mercado, uma interdependência mútua entre as empresas, porque as ações de um produtor afetam sobremaneira os demais. Se uma firma reduz seu preço, pode ocasionar a redução das vendas das outras firmas. Nesse sentido, as empresas passam a definir suas decisões de produção, levando em conta tanto a